Marcada pela irreverência e descontração, a manifestação tratou de assuntos sérios como crimes e eleições.
Mais de 70 mil pessoas, segundo números da Polícia Militar, se reuníram ontem na XIV Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), em Goiânia. Com o tema “Nosso voto, nossa força por um Brasil sem homofobia” a Comissão Organizadora quis chamar a atenção do público para a necessidade de se eleger candidatos comprometidos com a causa LGBT, pois somente assim será possível alcançar igualdade e cidadania. Atualmente 78 direitos concedidos aos heterossexuais são negados aos LGBT em função de sua orientação sexual ou identidade de gênero. A Organização aconselhou os presentes a buscar as propostas que cada candidato traz para a comunidade e também a se informar sobre a posição desse político com relação à causa LGBT, pois muitos deles se infiltram na parada em busca de votos mas sequer têm propostas e mais: depois de eleitos ainda militam contra.
A concentração iniciou-se por volta das doze horas quando muitos já se aglomeravam na Avenida Araguaia em volta dos trios elétricos (duas carretas e outros cinco carros menores). Nem mesmo o calor escaldante tirou a animação do público. Muita gente fantasiada, muitos rapazes sem camisa, exibindo corpos esculpidos nas academias. Descontração, animação e alegria. Os mais irreverentes no figurino eram os que faziam mais sucesso entre os participantes. Fantasias de princesas, demônios, gladiadores e outras se espalharam pelo corredor formado para receber a parada. Bandeiras do Brasil e outras, com as cores do arco-íris, símbolo do orgulho LGBT, estavam por toda parte. No entorno, vendedores ambulantes aproveitavam para vender principalmente acessórios e bebidas.
Performática ou discreta, a população LGBT divertiu-se, mas não só ela. Famílias inteiras desceram para o Centro para prestigiar o movimento. “Esse é um espaço democrático e não vejo nenhum problema em trazer a família para assistir”, disse o vendedor Reinaldo Roque, de 46 anos, acompanhado da mulher, da irmã e das duas filhas. Outros, mais privilegiados, se posicionaram nas calçadas ao longo do trajeto, para apreciar de perto, como a família Vieira, que mora na Av. Paranaíba e ativamente participou da festa. As mesas e cadeiras foram colocadas na calçada da residência. Nas mesas, petiscos e bebidas rechearam a tarde da familia. “Há três anos moramos aqui e participamos da festa, acho que eles têm o direito de se manifestarem e a festa é maravilhosa.”, disse Alba Ninfa Pereira Vieira, de 70 anos.
Mas nem só de festa foi feita a manifestação. Diversas equipes de enfermagem da Universidade Federal de Goiás e do colégio Ana Néri circularam entre a multidão distribuindo preservativos e folhetos alertando para a prevenção de DST/AIDS. Alunos do Instituto Federal de Educação aplicaram questionários aos turistas para levantar o perfil das pessoas que participam do evento. Essa atividade faz parte de um trabalho de conclusão de curso que tem como tema o turismo LGBT.
Por volta das dezesseis horas a aglomeração de pessoas era tamanha que a AMT (Agência Municipal de Trânsito) resolveu fechar uma quadra a mais porque o espaço reservado inicialmente não comportava mais a multidão.
Às dezessete horas iniciou-se a cerimônia no palco, com as falas políticas a respeito do tema da parada e também os agradecimentos aos patrocinadores.
Às dezessete horas e trinta minutos a marcha partiu colorindo as ruas do centro de Goiânia. A carreata saiu do Parque Mutirama e seguiu pelas avenidas Paranaíba, Tocantins, Coreto (na Praça Cívica) e retomou a Av. Araguaia até o ponto de partida.
Já com os trios desligados, por volta das vinte horas e trinta minutos, a multidão logo se dispersou, mas a festa continuou, já que praticamente todas as casas LGBT tinham programação especial para a parada, principalmente por causa do feriado prolongado.
O evento registrou um grande número de turistas de todas as partes do Brasil e até alguns do exterior. Muitas caravanas principalmente do estado de Goiás e outras improváveis como Belém e Porto Alegre, além de Uberaba, Uberlândia e Brasília e outras cidades próximas.
Apesar de todo o aparato montado para a segurança, com cerca de 100 homens da Polícia Militar, Guarda Municipal, AMT (Trânsito), Corpo de Bombeiros e SAMU, nenhum incidente grave foi registrado, a não ser pequenos focos de brigas que foram logo debelados.
Vejam algumas fotos abaixo:
Texto: Marcos Silvério – APOGLBT-GO
Fotos: Patou Tudo e DM
Um comentário:
amêêi esse post! super meio que... AGENTE SEE VÊ POR AKI.
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